Empresários e sindicalistas partilham da mesma avaliação, de que o convencimento é a chave para a vitória, por isso, as estratégias de comunicação serão fundamentais. As centrais vão trabalhar com panfletagens e informações nas redes sociais. A disposição dos empresários é semelhante, embora atuarão, também, com publicidades e planos de marketing voltados a informar toda a cadeia varejista — dos pequenos comércios, como farmácias e padarias, aos grandes grupos.
A estratégia da categoria empresarial varejista é capitaneada pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), que congrega oito associações nacionais, entre elas a Abrasel. Cada uma das entidades dispõe de núcleos estaduais. É pela capilaridade das agremiações nos estados que o processo de comunicação será feito, usando recursos próprios e privados oriundos de contribuições de associados de livre adesão.
O bom relacionamento dos empresários com o governo é um trunfo para os aliados da reforma. Na segunda-feira passada, os representantes da Unecs estiveram reunidos com o vice-presidente, Hamilton Mourão. Na sexta, conversaram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou de um evento na sede da Sociedade de Agricultura (SNA), no Rio de Janeiro.
A articulação com a equipe econômica e com o vice facilita aos empresários o processo de comunicação, de modo a criar uma diretriz na informação a ser veiculada em todo o país. “A ideia é estabelecer uma unidade de apoio claro, ostensivo e público”, explica o presidente da Unecs, George Pinheiro. Além do diálogo com deputados, os empresários também vão marcar encontros com os 27 governadores.
A estratégia das centrais promete ser mais agressiva. Uma vez mapeados, deputados dispostos a votar a favor pela reforma terão nomes e rostos estampados em outdoors, faixas e cartazes na Esplanada dos Ministérios e na base eleitoral. Os sindicalistas também farão uma comunicação corpo a corpo por meio de audiências públicas em câmaras municipais e nas assembleias legislativas. A ideia é colocar vereadores e deputados estaduais para pressionar prefeitos e governadores e, com isso, ampliar o leque de intimidação aos deputados federais, responsáveis por aprovar ou vetar a reforma da Previdência.
Trata-se, de fato, de uma guerra de comunicação, avalia o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto. “Na reforma trabalhista aprovada, os empresários sentiram que ganha a primeira mentira e perde a primeira verdade. Mas nós não trabalharemos com inverdades. Não podemos simplesmente permitir que dificultem o acesso das pessoas à aposentadoria. Não é assim que se resolve os problemas do país”, pondera.
Atuação
O diálogo aberto entre as centrais e todos os deputados dos 12 partidos levaria os sindicalistas a pressionarem 260 parlamentares. O poder de alcance dos empresários não é inferior. O coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo, deputado Efraim Filho (DEM-PB), trabalha para montar na nova legislatura uma bancada com o mesmo tamanho da última, de 250 congressistas.
Na quarta-feira, enquanto os oito presidentes associados da Unecs se reúnem em São Paulo, Efraim receberá para um café da manhã, em Brasília, cerca de 15 vice-presidentes ou coordenadores associados. A reunião tem por objetivo deliberar ações de apoio à reconstrução da frente parlamentar do comércio. A previsão é de que, em 19 de março, seja anunciado o lançamento oficial da bancada. “Vamos trabalhar para, com uma comunicação eficaz sobre a reforma, quebrar privilégios e gerar oportunidades de investimento e emprego”, destaca Efraim.
Fonte: Correio Braziliense